Foi-se o tempo dos patudos gordos no segmento pet? Outrora tido como "à prova de recessão", parece que finalmente os pais de pet resolveram segurar a guia curtinha os gastos com os bichinhos. A Petz, gigante do setor, reportou na última quinta-feira (7) uma queda de 22% no lucro líquido do 4º trimestre de 2023, um sinal preocupante que pode ser um prenúncio do que está por vir para o mercado como um todo.
Embora as ações da Petz tenham apresentado um desempenho relativamente melhor que seus pares internacionais no último ano, conforme imagem, a queda no lucro da empresa é um indicador de que a desafios importantes estão acontecendo no segmento pet. É verdade, a companhia registrou uma variação de -36,74% no preço das ações em 2023. Mas, se você comparar com outras empresas do mesmo ramo internacionalmente e com os últimos três anos, quando acumulou perdas de -81,43%, parece que o novo governo brasileiro ajudou a reverter um problema sério que estava surgindo para os cachorrinhos.
Paralelos com outros setores:
Em 2023, o mercado pet faturou R$ 53,4 bilhões, um crescimento de 13,9% em relação ao ano anterior. No entanto, se compararmos esse crescimento com outros setores, como o de beleza (18,2%) ou o supermercadista (14,7%), vemos que o pet não está mais liderando a corrida. O que é muito ruim pois os pets representam ainda uma fatura muito pequena de participação nos gastos dos brasileiros. Imagina que o segmento de beleza – mal comparando, seria a versão humana do banho e tosa - fechou o ano faturando R$ 172,5 bilhões e o supermercadista – na mesma analogia, rações e petiscos – encerrou 2023 com R$ 521,3 bilhões movimentados.
Margem Líquida Preocupante:
A margem líquida da Petz de 0,51% é um indicador preocupante, especialmente quando comparada com outros varejistas. Essa métrica revela que, para cada R$ 100 que a Petz vende, ela gera apenas R$ 0,51 de lucro. Se uma gigante como a Petz, com capacidade de compra e contratação de recursos humanos, possui margens tão baixas, imagine o desafio que os pequenos e médios negócios (PMEs) do setor enfrentam.
O Futuro do Segmento Pet:
Com a desaceleração da economia e a alta da inflação, registrada especialmente nos anos de 2021 e 2022, os consumidores cortaram gastos com produtos e serviços não essenciais, como os destinados aos seus animais de estimação. Isso pode levar a um cenário de consolidação no mercado, com as grandes redes como Petz e Cobasi se beneficiando de economias de escala e poder de negociação com fornecedores.
Na conferência de apresentação de resultados da Petz, na última sexta-feira (8), o presidente da companhia, Sergio Zimerman, declarou que acredita que as medidas de redução da taxa de juros, somado com o crescimento da renda das famílias, o segmento pet deve voltar ao caminho da forte expansão após o último trimestre de 2024.
Minha teoria: As redes médias de pet shops podem ser as mais afetadas por essa realidade de dificuldade que o segmento atravessa. Sem o mesmo poder de compra das grandes redes e sem a agilidade e flexibilidade dos pequenos negócios, as redes médias correm o risco de conseguir manter suas operações em pé.
Vantagens dos Grandes e Pequenos Negócios:
Grandes redes: Possuem economias de escala, poder de negociação com fornecedores e acesso a recursos humanos, financeiros e tecnológicos.
Pequenos negócios: Têm maior proximidade com os clientes, flexibilidade para se adaptar às mudanças do mercado e menor estrutura de custos.
Redes médias em perigo: As redes médias de pet shops, por outro lado, podem ser as mais afetadas por essa mudança no cenário. Sem o mesmo poder de compra das grandes redes e sem a agilidade e flexibilidade dos pequenos negócios, as redes médias podem ter dificuldades em sobreviver.