A descentralização administrativa do governo de Santa Catarina acabou a um ano. Uma série de questionamos podem ser levantados contra ou a favor do modelo de gestão implantado pelo falecido governador Luiz Henrique da Silveira. Mas, os benefícios gerados no período são inegáveis: a região de Blumenau, por exemplo, recebeu em investimentos cerca de R$ 2 bilhões durante os oito anos de mandato do emedebista. Além de uma série de ações não quantificadas que contribuíram para melhora do desenvolvimento.
Texto original publicado em www.informeblumenau.com em 30/01/2020.
Não espere uma defesa apaixonada e partidária neste texto. É um relato de coisas que os documentos e as publicações registraram há época. Minha opinião sobre a descentralização está disponível neste link. E o que penso sobre a importância política do tema para o MDB, neste link.
A lista de obras e ações é longa e inclui todas as áreas. Certamente, várias demandas não puderam ser atendidas neste período. Afinal, nunca um governo conseguirá esgotar todas as necessidades da população. Porém, o volume de recursos aplicados, que não incluem custeio da máquina, além de ampliar o sentimento de presença do poder público, também contribuiu para que ainda hoje, quando o país enfrenta a pior crise financeira de sua história, a região mantenha a qualidade de vida superior a maior parte dos municípios brasileiros.
Revisitando o passado, é possível comparar claramente que o momento econômico era distinto dos atuais. Como também o incentivo as práticas de gestão, de criatividade administrativa e cooperativismo local. Foi justamente neste período que nasceram estruturas como Samu, Hemosc, reabertura do Hospital de Gaspar, Teatro de Pomerode, Ponte de Ilhota entre outros.
Neste período também foram construídas alterativas para resolver problemas como o enfrentado pelo Hospital Santo Antônio, de cortes de energia por falta de pagamento. Sem a intervenção do Estado, certamente não haveria a ampliação que foi vivida pela unidade naquele período.
Entre 2003 e 2010 todas as escolas estaduais da região receberam reformas e/ou melhorias. Como a centenária escola Pedro II, que recebeu mais de R$ 2,5 milhões, e o incentivo para que as famílias retornassem ao convívio diário das demandas das escolas. Também neste período nasceram o Parque Vila Germânica, o Museu dos Clubes de Caça e Tiro, que foram bancados quase que na integralidade pelo Governo do Estado. Locais como a Casa do Comercio e Teatro Carlos Gomes foram revitalizados.
Mais do que os recursos devolvidos para região, a maneira de entender, discutir e encaminhar os problemas foram alterados. Graças as diversas alterações locais, o maior fórum econômico, o Encontro Brasil e Alemanha, foi captado para Blumenau, reunindo aqui líderes de Estados e os maiores empresários dos dois países.
Então se volumosos investimentos vieram, se era possível cobrar a agilidade e a proximidade, qual motivo afastou a descentralização da nossa realidade. E por quais motivos Blumenau sempre entregou uma demonstração negativa a tal proposta?
Meu entendimento é que, entre tantas alternativas, uma delas é que falta para nossa região o sentimento de pertencimento e envolvimento coletivo regional. Blumenau costuma buscar soluções pontuais para sua casa e não trabalha coletivamente com os demais munícipios do entorno. Demonstração clara é traduzida pela representatividade no legislativo Estadual e Federal.
Uma ilha não evolui sem ajuda de algum lado. Para acessar mais investimentos e proporcionar mais qualidade de vida para os moradores, a cidade precisa compreender que é uma parte da região. Liderar estas cidades ou ser liderados por elas é importante neste processo. A descentralização era o mecanismo que partilhava responsabilidades na construção de um bem local. Algo que hoje não existe nem mais no discurso.